UNESCO dá luz verde à construção da barragem de Foz Tua
Esta organização das Nações Unidas pede apenas um abrandamento nas obras.
Um relatório da UNESCO conclui que a construção da barragem de Foz Tua não põe em risco a classificação do Alto Douro Vinhateiro como Património Mundial.
Fonte do Ministério do Ambiente e Ordenamento do Território, indica à Lusa que a UNESCO considerou adequada a solução do arquitecto Souto Moura que prevê que o edifício da central eléctrica seja enterrado.
Autarcas do Douro satisfeitos com decisão da UNESCO
O presidente da Comunidade Intermunicipal do Douro diz à Renascença que sempre acreditaram que era possível compatibilizar.
“Nós sempre dissemos desde a primeira hora que estávamos disponíveis para atenuar todos os efeitos secundários que uma construção produz numa paisagem e sempre dissemos que era perfeitamente possível compatibilizar uma coisa com a outra”, disse.
Artur Cascarejo, autarca de Alijó e presidente da comunidade intermunicipal do Douro, acrescenta que “a barragem do Foz Tua está 99% fora da região Alto Douro Vinhateiro.”
“A única coisa que estava, de facto, dentro era a tal central hidroeléctrica. A partir do momento em que a central vai ficar enterrada e a paisagem vai ser renaturalizada, até acredito que, futuramente, os turistas virão até à barragem para verem essa obra do arquitecto Souto Moura”.
A organização das Nações Unidas pediu, no entanto, ao Estado um abrandamento nas obras. A EDP, dona da empreitada, deverá adiar em quase um ano a conclusão da barragem.
Durienses aliviados com luz verde da Unesco para barragem
Indústria turística e vinhateira vê com bons olhos a construção da barragem. Efeitos negativos podem ser mitigados por outros, consideram.
O Ministério da Agricultura ainda não disponibilizou o relatório da missão da Unesco que conclui que a barragem do Tua não põe em causa a classificação do Douro Vinhateiro como Património da Humanidade.
De acordo com o Gabinete de Assunção Cristas ainda não há indicação precisa sobre o momento em que o documento será tornado público.
Na região, responsáveis turísticos e associações de viticultores, mostram-se satisfeitos com a conclusão do processo.
António Martinho do Turismo do Douro é a voz do contentamento: “Traz acalmia à região, deixa de haver uma polémica na região que a prejudicava em termos turísticos, e permite-nos continuar a apresentar o Douro como destino turístico que tem dois patrimónios da humanidade, o Alto Douro Vinhateiro e as Gravuras do Côa.”
A Associação para o Desenvolvimento da Vitivinicultura Duriense, que elaborou a pedido das Nações Unidas um relatório sobre os efeitos da barragem, considera que haverá efeitos negativos, mas que o balanço é positivo.
Segundo a responsável Rosa Amador: “Achamos que vai ter efeitos negativos mas pode também ter efeitos positivos em relação às alterações climáticas e consideramos que a barragem, desde que sejam salvaguardadas determinadas medidas, será compatível, até porque já existem outras barragens na região demarcada do Douro”.
O Partido Ecologista “Os Verdes” diz que a região está perante uma verdadeira perda de património. Por sua vez, a associação ambientalista Geota considera chocante a decisão da Unesco.
(Rádio Renascença, 2012 – 10 – 10)